Após a intervenção ocorrida no sindicato por suposta malversação dos recursos, são realizadas eleições e o ano de 1995 inicia com a posse de uma nova Diretoria Executiva mais uma vez liderada hegemonicamente por ocupantes do cargo de Oficial de Justiça, liderados pelos servidores Cláudio Siqueira e Jairo Albuquerque.
No início da gestão, em março de 1995, a nova Diretoria ingressa com ação judicial de prestação de contas (Processo nº 199511100487) contra os integrantes da Comissão Interventora que havia sido instaurada no ano anterior para apurar suspeitas de mau uso dos recursos financeiros do sindicato e, dessa vez, eram os próprios interventores quem estavam sendo processados pelo mesmo motivo que fundamentou a intervenção: suspeitas de desvio de dinheiro do sindicato. A ação de prestação de contas foi julgada procedente em 1996, condenando os integrantes da Comissão Interventora a devolverem mais de R$ 8 mil ao caixa do sindicato.
Por conta do histórico dos desmandos da gestão anterior, nesta época, muitos sindicalizados haviam se desfiliado do sindicato. Essa situação exigiu da nova direção que realizasse uma campanha de sindicalização.
Também foi herdada uma dívida da entidade sindical com a empresa conveniada Unimed, que teve que ser negociada pela direção.
Nesse período, a atuação sindical baseia-se na administração de convênios. Não existiam campanhas salariais públicas, nem atividades de mobilização da categoria; e reuniões da categoria em Assembleia raramente aconteciam. Essas circunstâncias demonstram a predominância de uma concepção sindical assistencialista.
A estrutura administrativa do sindicato funcionava com uma média de cinco funcionários e, por não ter sede própria, o sindicato mudou diversas vezes de endereço. Em 1996, a sede do sindicato tinha deixado de ser no Palácio da Justiça e já funcionava na Rua Pacatuba, nº 64, em uma sala do 4º andar, do Edifício Luciano Prado, no Centro de Aracaju; em 1997, a sede do sindicato mudou para a Praça Fausto Cardoso, vizinho ao Palácio da Justiça; no ano de 1998 passa a ter também uma sala de apoio cedida pela gestão do TJ, dentro do Fórum Gumersindo Bessa; e no ano 2000, a sede do sindicato muda de endereço mais uma vez, para a Rua Arauá nº 510, também no centro de Aracaju.
No contexto nacional, o país buscava se acostumar com a estabilização da inflação, após a implantação do Plano Real. Mas os trabalhadores pagavam o preço da estabilidade, com salários defasados sem reajuste.
No TJSE, nessa época, era frequente a judicialização da política e da luta de classes entre os trabalhadores a gestão do tribunal. A luta por direitos dos trabalhadores descumpridos pelo Judiciário limitava-se a impetração de ações judiciais pelo sindicato, que colocavam nas mãos do próprio tribunal o poder de dirimir as irregularidades praticadas por ele mesmo.
É nessa esteira que o sindicato ingressa com ação judicial conhecida como “Ação dos Interníveis” (Processo nº 199511204977), requerendo o pagamento dos níveis de 6% que deveriam ser acrescidos ao vencimento-base de todos os servidores a cada dois anos, previstos no Plano de Cargos e Salários de 1990, mas nunca cumpridos pelo próprio Judiciário.
Em 1996, na gestão da desembargadora Clara Rezende, foi realizado um concurso público para provimento de cargos efetivos de servidores, mas em quantidade de vagas insuficiente para acabar com o excesso de cargos em comissão e de servidores requisitados de outros órgãos.
No mesmo ano, foi promulgada pela Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe a Lei Estadual nº 3.771/96, que reconhece de Utilidade Pública o Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário de Sergipe.
Devido a conjuntura nacional, no aspecto salarial, um elemento que marca profundamente este período é a continuidade do congelamento dos salários no TJSE, numa época em que os servidores não tinham nem mesmo o direito básico à reposição inflacionária anual e, dessa forma, os salários tinham o seu poder aquisitivo corroído, ano após ano; uma realidade amarga vivenciada pelos servidores do TJSE durante toda a década de 90’. O reajuste salarial e a recomposição das perdas inflacionárias eram as principais bandeiras de luta.
Somente a partir de 2001, os servidores passam a ter reajustes salariais com a reposição inflacionária, anualmente, nos meses de janeiro.
Em 2003, o sindicato adquire o seu primeiro imóvel próprio, localizado na Rua Arauá, nº 168, mas permaneceu com a sede funcionando no prédio alugado, na mesma rua.
2º PCS - 2003
No ano de 2003, por meio da Lei Complementar nº 89, ocorreu a primeira mudança no Plano de Cargos e Salários dos servidores do TJSE, que havia sido implementado em 1990.
As mudanças foram marcadas pela redução de direitos dos servidores. Dentre elas destacam-se: a redução do percentual remuneratório de 6% nos níveis/letras que os servidores avançavam a cada dois anos e a extinção dos cargos de Agente Judiciário, Oficial de Justiça e Escrivão, mantendo ativos apenas os cargos de Técnico Judiciário (nível médio) e Analista Judiciário (nível superior).
Nesse segundo Plano de Carreira, também foram unificados vários cargos, como vigilantes, porteiros, motoristas, auxiliares administrativos, comissário de menores, distribuidores e avaliadores – unificando todas essas funções em três cargos: Agentes Judiciários, Técnicos Judiciários e Analistas Judiciários, conforme o grau de instrução que era exigido no cargo ocupado anteriormente.
Apesar da categoria não ter recebido de forma positiva essas transformações, a atuação sindical não correspondeu com o grau de insatisfação que estava posto, não havendo registro de nenhum tipo de manifestação do sindicato neste período contra as mudanças drásticas causadas pelo TJ.